Tuesday, July 08, 2014

E se os sonolentos despertarem?


Meus amigos, ontem, vi uma comparação entre os jogadores da Alemanha e do Brasil, feita num programa de esportes de televisão, em que meia dúzia de comentaristas, e bons comentaristas, na sua maioria, escolheram, nada mais, nada menos, que sete alemães como melhores que os nossos jogadores. Eles colocaram um pouco de gelo na comparação afirmando que se tratava do que jogaram na atual Copa ou no estágio em que estão os jogadores. Não vou discutir critérios ainda mais que também relativizaram dizendo que, hoje, no jogo tudo pode ser diferente. De fato, cada caso é um caso.
Na minha opinião tudo pode acontecer. Embora o time alemão pareça ser um time mais equilibrado não fez um grande mundial. Pode-se dizer a seu favor que ninguém fez, mas, convenhamos que podiam ter levado um chocolate de Gana se os africanos tivessem uma pontaria um pouco melhor e, mesmo diante dos franceses, foi um desempenho pífio como havia sido a vitória diante dos EUA por um magro 1x0. Sem contar que, contra a Argélia, não fosse a excepcional partida de Neuer teriam voltado para casa. Isto, é claro, do lado deles. Do nosso também não temos um retrospecto de regularidade. E padecemos, e como padecemos, da falta de um meio de campo. Tudo está acontecendo de bolas paradas ou por ligação direta. Nós temos resolvido os jogos pelo talento de um ou outro jogador. E, agora, sem Neymar, que era para os adversários o mais preocupante deles, não há dúvidas de que ficamos mais fracos. Porém, não somos tão fracos assim. Basta lembrar que não foi Neymar quem resolveu a última partida. Espantosamente foram Thiago Silva e David Luiz. Ou seja, resolvemos um jogo difícil com gols de zagueiros. Bem, eles também, contra a França, Hummels salvou a pátria.

Bem, mas, o que esperar deste Brasil e Alemanha? Espero um jogo tenso, um jogo disputado, difícil. Porém, não sei qual a razão, para considerar a Alemanha favorita. Para mim, este jogo, como este mundial, apesar de ter dado, no fim a lógica, é de um futebol medíocre, no sentido de regular, morno mesmo. Não houve uma grande equipe. Nem Neymar, nem Messi, nem mesmo o melhor de todos até agora, o holandês Robben, fizeram um grande mundial. Quem brilhou foi David Luiz e os goleiros. Os gols, em profusão, encobriram o futebol ruim.  E quem está como artilheiro? James da Colômbia. Sinceramente, é um bom jogador? É. Mas, prefiro, por exemplo, o Oscar. O problema desta Copa, em termos de futebol, é que não deixará grandes lembranças. Que lembranças, por exemplo, se tem da Copa de 1966 ou das copas dos anos 74 ou 78? Não me recordo de nada. Nem ninguém se recorda. Mas, todo mundo se recorda de times perdedores como a seleção holandesa de Cruyff ou a seleção brasileira de 82. A razão é simples: quem faz diferença são os craques. E o Brasil ainda tem alguns nesta seleção. O problema é que estão sonolentos, dormindo em campo. E se eles acordarem? Se os deuses tiverem escrito que, hoje, as coisas darão certo? Nada sei dos desejos dos deuses do futebol, mas, como torcedor só espero que soprem no ouvido ou deem umas batidas de mãos para que nossos craques acordem. Se estiverem despertos nem Neymar fará falta. É evidente que se trata de uma declaração de torcedor, mas, prezados amigos, de que adianta o futebol sem torcida, sem emoção, sem o imprevisto que o cerca? Hoje só precisamos que a incerteza que cerca todo jogo se transforme num dia para ser lembrado. E, num dia assim, tudo pode acontecer. Até 1x0 parecer goleada. 

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