E se os sonolentos despertarem?
Meus amigos, ontem, vi
uma comparação entre os jogadores da Alemanha e do Brasil, feita num programa
de esportes de televisão, em que meia dúzia de comentaristas, e bons
comentaristas, na sua maioria, escolheram, nada mais, nada menos, que sete
alemães como melhores que os nossos jogadores. Eles colocaram um pouco de gelo
na comparação afirmando que se tratava do que jogaram na atual Copa ou no
estágio em que estão os jogadores. Não vou discutir critérios ainda mais que
também relativizaram dizendo que, hoje, no jogo tudo pode ser diferente. De
fato, cada caso é um caso.
Na minha opinião tudo
pode acontecer. Embora o time alemão pareça ser um time mais equilibrado não
fez um grande mundial. Pode-se dizer a seu favor que ninguém fez, mas,
convenhamos que podiam ter levado um chocolate de Gana se os africanos tivessem
uma pontaria um pouco melhor e, mesmo diante dos franceses, foi um desempenho
pífio como havia sido a vitória diante dos EUA por um magro 1x0. Sem contar
que, contra a Argélia, não fosse a excepcional partida de Neuer teriam voltado
para casa. Isto, é claro, do lado deles. Do nosso também não temos um retrospecto
de regularidade. E padecemos, e como padecemos, da falta de um meio de campo. Tudo está acontecendo de bolas paradas ou por ligação direta. Nós temos resolvido os jogos pelo talento de um ou outro jogador. E, agora, sem
Neymar, que era para os adversários o mais preocupante deles, não há dúvidas de
que ficamos mais fracos. Porém, não somos tão fracos assim. Basta lembrar que
não foi Neymar quem resolveu a última partida. Espantosamente foram Thiago
Silva e David Luiz. Ou seja, resolvemos um jogo difícil com gols de zagueiros.
Bem, eles também, contra a França, Hummels salvou a pátria.
Bem, mas, o que esperar
deste Brasil e Alemanha? Espero um jogo tenso, um jogo disputado, difícil.
Porém, não sei qual a razão, para considerar a Alemanha favorita. Para mim,
este jogo, como este mundial, apesar de ter dado, no fim a lógica, é de um
futebol medíocre, no sentido de regular, morno mesmo. Não houve uma grande
equipe. Nem Neymar, nem Messi, nem mesmo o melhor de todos até agora, o holandês
Robben, fizeram um grande mundial. Quem brilhou foi David Luiz e os goleiros. Os gols, em profusão, encobriram o futebol ruim. E quem está como artilheiro? James da
Colômbia. Sinceramente, é um bom jogador? É. Mas, prefiro, por exemplo, o
Oscar. O problema desta Copa, em termos de futebol, é que não deixará grandes
lembranças. Que lembranças, por exemplo, se tem da Copa de 1966 ou das copas
dos anos 74 ou 78? Não me recordo de nada. Nem ninguém se recorda. Mas, todo
mundo se recorda de times perdedores como a seleção holandesa de Cruyff ou a
seleção brasileira de 82. A razão é simples: quem faz diferença são os craques.
E o Brasil ainda tem alguns nesta seleção. O problema é que estão sonolentos,
dormindo em campo. E se eles acordarem? Se os deuses tiverem escrito que, hoje,
as coisas darão certo? Nada sei dos desejos dos deuses do futebol, mas, como
torcedor só espero que soprem no ouvido ou deem umas batidas de mãos para que nossos
craques acordem. Se estiverem despertos nem Neymar fará falta. É evidente que
se trata de uma declaração de torcedor, mas, prezados amigos, de que adianta o
futebol sem torcida, sem emoção, sem o imprevisto que o cerca? Hoje só
precisamos que a incerteza que cerca todo jogo se transforme num dia para ser
lembrado. E, num dia assim, tudo pode acontecer. Até 1x0 parecer goleada.
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