Uma festa triunfal da Alemanha no Mineirão
Não, meus amigos, eu
não estou triste. Desagradavelmente surpreendido, mas, não triste. Como
analista pensava ser muito difícil o Brasil ganhar da Alemanha, mas, como
torcedor esperava que os deuses do futebol acordassem o talento que Oscar ou
Fred possuem, que, de repente, como acontece tantas vezes, o time se
encontrasse e se reconhecesse dentro de campo. Pedi que os deuses acordassem
nossos craques. Eles, no entanto, são caprichosos e resolveram acordar a
inspiração alemã transformando o que poderia ter sido um jogo numa ópera
burlesca, numa tragédia cômica em que um time, um time só jogava e fazia o que
bem desejava em campo. Sejamos francos: a seleção brasileira esteve ausente do
Mineirão.
Foi, e isto só merece
aplausos, uma exibição de gala de 20 minutos da seleção alemã. Dos 10 aos 29
minutos fizeram, nada mais, nada menos que cinco gols! Depois do terceiro
poderiam ter retirado o time do Brasil do gramado que não faria diferença. O
jogo poderia ter terminado 8X0, mas, terminou 7x1! O que importa isto antes ou agora?
Estava escrito, e nenhum dos adivinhos mais conhecidos e mais afamados, previu
ou deu indícios de que sofreríamos uma goleada histórica, um chocolate acachapante,
monumental. Diante de um resultado assim não há como buscar culpados. Poderia
ser o Felipão que não viu a periculosidade e o jogo compacto do adversário, sua
capacidade de, com rapidez e precisão, liquidar uma partida. Ou mesmo Parreira
que colocou nossa mão na taça sem que jogássemos o mínimo para merecê-la. Isto,
porém, seria uma injustiça colossal. Estava escrito que pagaríamos pelo nosso
excesso de confiança, que não poderíamos fazer, como fizemos, um jogo perigosamente
para a frente e ofensivo contra uma equipe tida como melhor e mais preparada.
Todavia, agora, que a partida terminou somos profetas do passado, um mero
esquadrinhador de uma partida que, para nós, brasileiros, deve ser lembrada
como a vitória de um time melhor e mais preparado sobre a pretensão vaidosa de
ganhar sem uma equipe competitiva e apenas com o talento e a raça. A vitória da
Alemanha foi a vitória de quem, além de se preparar, jogou nos erros do
adversário e jogou uma semifinal de Copa do Mundo como se deve jogar: com
aplicação e vontade de vencer.
Repito que não estou
triste. E nem deve ficar triste quem gosta de futebol, do futebol brasileiro, principalmente.
Assistimos a vitória de quem jogou melhor e, ao mesmo tempo, de forma
esmagadora acabou o tempo de pensar que podemos ser melhores sem treinamento,
sem tática, sem esforço e sem organização. Para o Brasil é bom, ótimo que a
derrota tenha sido tão humilhante, tão vexatória. Só assim iremos mudar a
gestão do nosso futebol. Só assim aprenderemos que o talento somente não basta.
É preciso organização, tática, suor e respeito aos outros times. A Alemanha
mostrou tudo isto é merece os nossos aplausos. Nós temos que absorver a lição e
refazer o nosso futebol. Se não fizermos isto, certamente, outras humilhações
nos serão ainda impostas. Não vale a pena chorar pelo trabalho que não foi
feito. Precisamos voltar a ter organização no futebol e formar jogadores na
base, nos nossos times para voltar aos bons tempos em que jogar contra as
melhores seleções não possa ser uma demonstração do quanto estamos
despreparados para ganhar uma Copa.
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