A CERIMÔNIA DO ADEUS
No entanto, justiça seja feita, só houve um time em campo. Um time que marcou com categoria, tocou com categoria e buscou o gol com a paciência, a certeza de que a vitória lhe pertencia que era, novamente, o seu momento de glória. Não, amigos, o Brasil não perdeu na hora do gol. O gol foi tão somente o carimbo de despedidas. O Brasil perdeu quando o time depois dos 15 minutos não conseguia passar uma bola sequer direita e sambou no compasso do toque francês. Impossível aceitar que um time com Ronaldinho, Ronaldo, Kaká passe 45 minutos com uma única e distante cabeçada longe do gol de Barthez. Só Parreira para assistir impassível a lamentável partida de Cafú e de Roberto Carlos, a equipe se comportar como se não quisesse sujar o uniforme. Emerson, no banco, foi a própria expressão do desespero, não acreditando na falta de sangue, na frieza com que o time levava um passeio sem que ninguém se levantasse para dizer que o roteiro era outro. Robinho e Cicinho teriam que ter entrado no primeiro tempo. Podia não ser diferente, porém seria mais complicado.
Somente se pode dizer que, novamente, o Brasil não entrou em campo contra a França. Não é o fato de perder. Perder é do jogo. Porém perder sem brilho, perder sem luta, perder sem se doar, perder com a frieza de quem não sente a importância e a beleza do momento não é comum, nem próprio de quem veste a camisa amarela de tantas glórias. Poucos deste time, como Dida, como Lúcio, como Juan podem ser absolvidos no tribunal da garra, da força de vontade, do desejo de vencer, da paixão de se superar. Ninguém exige super-homens nem homens invencíveis, porém se exige que se derrame suor e lágrimas para vestir a camisa do Brasil com dignidade. Não é o perder. É o se entregar. E, nesta tarde, em Frankfurt, só houve um time, um time só, a França. Do lado do Brasil haviam uns poucos heróis tentando evitar o inevitável, o que já estava escrito, no momento em que Zidane no tocar da bola mostrou que se havia um jovem em campo era ele, se havia um time vitorioso era o dele, do lado de lá existiam uns gatos pingados que lutavam em vão acompanhados de derrotados espantalhos de camisa amarela. Viva a França! Ganhou o bom futebol. Ganhou o melhor. E nós, brasileiros, que amamos o futebol não temos nada a lamentar. O futebol brasileiro esteve completamente ausente dos campos de Frankfurt, logo não podia, não devia e não era lícito ganhar. E assim foi.