Friday, June 30, 2006

FORZA ITÁLIA


A Itália tem, no futebol, o destino da grandeza. Ninguém, normalmente, afirma que um time da Itália é grande quando começam as competições. Sua força sempre se mostra quando a competição afunila. E não é diferente nesta Copa. A Itália classificou-se jogando bem, porém sem grande brilho. Nas oitavas de finais quase naufragou contra a Austrália, no entanto chega as semi-finais sobrando em cima da Ucrânia. Podem dizer que a Ucrânia, de fato, não fez uma grande Copa. Não podem, todavia tirar o mérito de uma equipe que domina e supera a outra dentro do seu estilo e, igual à Itália, sufoca o adversário pela marcação cerrada, implacável que faz. Falar do jogo o quê? Que logo no começo com um chute, aos 4min, de Camoranesi que avançou pelo meio e bateu forte da meia-lua, assustando o goleiro Oleksandr Shovkovskiy já dizia quem mandava na partida? Que, dois minutos mais, num chute de fora da área de Gianluca Zambrotta, o placar estava aberto? Ou que os italianos dominaram as ações sem permitir que seu goleiro tivesse o que fazer? Que, no segundo tempo, os ucranianos quase foram lá, por três vezes, e não fizeram de tal forma que foram castigados no primeiro escanteio que a Itália cobrou? È verdade: Totti cobrou curto e cruzou na seqüência para a área. Impedido, Cannavaro não conseguiu concluir, mas Toni se abaixou e, de cabeça, empurrou para as redes. Logo depois, novamente, a Ucrânia não fez ao acertar o travessão de Buffon em cabeçada de Gusin. A resposta italiana veio fatal: aos 24min, Zambrotta, em grande jogada, deixou Toni sem goleiro para marcar novamente. Dizer que a Ucrânia foi soberba na derrota é inútil. A Itália, a poderosa Itália, está de novo entre os finalistas da Copa é o que se impõe dizer. E os 3x0 sobre a Ucrânia não são frutos do acaso nem da falta de méritos. É uma demonstração de força. São os italianos afirmando que não importa o que digam deles e de seu futebol, porém a camisa azul, a eficiência e a capacidade italiana são maiores quando, como agora, os caminhos são mais difíceis. E nesta hora, em partidas e decisões difíceis, é bom pensar que a Itália não escreveu sua glória por fazer publicidade, mas porque no campo, na hora da verdade, seu futebol tem sido eficiente e sua força aparece quando menos se espera. Por tal razão a Alemanha que se cuide. Com a Itália não dá para brincar. Eles são os verdadeiros profissionais da surpresa. Quando menos se espera levantam a taça. Portanto o aviso não é sem razão: cuidado a Itália vem aí.

A HISTÓRIA DE UM ADEUS


Os deuses da bola são caprichosos. Sabem disto mesmo os mais estúpidos dos estúpidos que freqüentam um estádio. E numa Copa na qual os momentos de grandeza haviam sido poucos eis que os deuses se levantam para zombar da vaidade e do orgulho argentino. E o fazem soprando a sorte para fazer a Argentina ser eliminada numa partida que, a rigor, teria que ter ganhado por ter mais qualidade, ter jogado mais, ser uma equipe superior. No entanto a grandeza, a glória e o encanto do futebol estão em que o fraco pode superar o forte; o fraco pode, por um erro, um lapso, uma oportunidade perdida ou transformada em gol se embriagar no líquido saboroso da vitória. E a Alemanha inteira, uma Alemanha que até os 80 minutos da partida parecia que se preparava para dar adeus a Copa, se levantou num gol de Klose, um artilheiro que nada fez senão o gol, embriagada, deleitada porque a águia bicou, de forma definitiva, o balão azul da vaidade argentina e o esvaziou na roleta russa dos pênaltis. O capricho reside em que esta era uma partida que sempre foi da Argentina. Talhada a seu modo, feita para a Argentina ganhar. Os argentinos, por natureza, florescem quando a partida é truncada, difícil, nervosa e esta partida o foi desde seu início. Logo no começo o juiz já mostrava o cartão amarelo e ali, na forma e no jeito, se conformava um jogo no estilo argentino. E a Argentina dominou todo o primeiro tempo, porém, talvez aí o grande capricho de algum deus do futebol magoado com eles, não conseguiu criar uma chance sequer, nenhuma no primeiro tempo. Somente o rival por meio de Ballack andou perto de assustar numa cabeçada única, porém numa conclusão, pela rapidez, difícil. No segundo tempo, logo aos 3 minutos, Riquelme cobrou escanteio da direita, Ayala apareceu no meio e cabeceou com precisão para abrir o marcador. Subitamente parecia que a criatividade da Argentina encontrava seu caminho; tudo indicava que a Alemanha, sem alternativa, iria para a frente abrindo espaços para o contra-ataque fatal que é uma arma característica de todas as grandes equipes que o futebol argentino criou. De fato a Alemanha partiu para cima, porém o fez de forma bisonha, atabalhoada e, como o adversário, no primeiro tempo, ficava com a bola sem criar nenhuma situação de perigo. Limitava-se as jogadas aéreas. E a Alemanha no ataque permitiu bons contra-ataques e quase houve o segundo gol. Lahm errou um passe na entrada da área e Tevez pegou a bola passou para Maxi Rodríguez, que invadiu a área sozinho pela direita e chutou do lado de fora da rede. O final da partida se aproximava e nada parecia acontecer. Longe de mim sugerir que o técnico argentino errou, porém tirar Riquelme colocando Cambiasso me pareceu querer apenas o 1x0. Uma demonstração de orgulho antecipado, como se dissesse que a fatura estava liquidada. E quase estava. Quase. Até mesmo a torcida alemã sentia as esperanças batendo asas quando, mais uma vez, uma jogada aérea foi feita. Ballack cruzou da esquerda e Borowski desviou de cabeça para Klose aparecer no local exato, no momento exato, com o toque exato dos nascidos para matar. E o estádio que já se esvaía no liquido incolor da desesperança se encheu de amarelo, preto e vermelho no uníssono grito de gol. Ali, naquele fatal instante, os deuses mudaram de lado. E a Argentina que estava com a partida ganha começava lentamente a perder. O resto do jogo, apesar de ter ficado aberto nos minutos finais, a prorrogação, tudo o mais, foi mero jogo de cena. Estava escrito que a decisão iria para os pênaltis e nos pênaltis a Argentina perderia. E assim foi. A Alemanha perfeita nas cobranças. Neuville, Ballack, Podolski e Borowski marcaram. Pela Argentina, Julio Cruz e Maxi Rodríguez marcaram, mas Lehmann pegou, primeiro o chute de Ayala e, depois, quando Cambiasso caminhou para a bola, sem convicção, já parecia um cantor de tango triste por saber que seria vaiado. A vitória é doce. A Alemanha é uma festa só. Um carnaval. Seus jogadores, os heróis que ganharam um jogo que não poderiam, não tinham como ganhar. Só ganhariam da forma que ganharam. O belo no futebol é isto: entre todas as alternativas se concretiza a menos viável. E a Argentina que teve 120 minutos para liquidar um adversário inferior, e não o fez, volta para casa, apesar de ter mais tudo: classe, malícia, milonga e raça. Não importa. No campo Lehmann, Klause, Neuville, Ballack, Podolski e Borowski provaram, mais uma vez, que jogo se ganha na hora e no campo. Depois do apito final nem choro nem pancadas resolvem mais nada. E assim os argentinos voltam, tristes, para casa. E se apagam as luzes para as lágrimas que sufocam o tango que não voltará a tocar nos campos da Alemanha, pelo menos, na Copa de 2006.

Tuesday, June 27, 2006

A FRANÇA RESSURGE DAS CINZAS


França e Espanha fizeram uma partida equilibrada. O jogo não foi bonito de se ver, porém se constituiu num duelo tático, de paciência, de disputa e travado quando, como neste caso, as equipes se equivalem e disputam uma partida na qual qualquer erro pode ser fatal. E, méritos da França, soube ser eficiente em cima dos erros do adversário. É verdade que, no primeiro tempo, não houve grandes oportunidades de gol. Os franceses, com dois meias que caíam pelas pontas, e os espanhóis, com três atacantes, fizeram até jogadas pelos lados, todavia sem boas conclusões. Um jogo cadenciado, de meio de campo, um jogo que, tudo indicava, somente poderia terminar, no primeiro tempo, sem gols ou com um gol que surgisse de uma jogada qualquer, de qualquer lado. Não foi assim o que se viu.
A rigor a França somente criou um lance de perigo, aos 23min, quando Zinedine Zidane lançou Thierry Henry que cruzou rasteiro sem que ninguém completasse o gol. A Espanha só criou algum problema nas bolas paradas. Até que, aos 26min, Cesc Fábregas ficou com sobra de cobrança de escanteio e tocou na área para Pablo Ibáñez, infantilmente atingido e empurrado por Thuram. Pênalti. Só mesmo um pênalti para mudar as coisas. David Villa implacável colocou, com força, no canto direito de Fabien Barthez. O gol, porém não mudou o ritmo da partida que ficou travada no meio do campo. O que mudou, inesperadamente, foi que a França, aos 41min, numa tabela entre Ribéry e Vieira, de repente o meia deixou, com um toque, Ribéry na cara de Casillas o qual driblou antes de empatar. Sem dúvida um gol no momento certo. Num jogo onde não se acertavam as jogadas acertar uma e empatar a partida deu aos franceses ânimo e moral extra.
Se, no segundo tempo, o jogo continuou equilibrado, porém, agora, os franceses passaram a criar a mais e a gostar do jogo. Luis Aragonés trocou David Villa e Raúl por Joaquín e Luis García tentando dar alento ao time espanhol. Não fez muito efeito e ele tentou outra solução, aos 26 minutos, colocando Marcos Senna no lugar de Xavi. A França trocou Malouda por Sidney Govou. O equilíbrio prosseguia até que, aos 38min, Zidane cobrou falta da direita, e a zaga desviou no primeiro pau, porém Vieira apareceu desequilibrando tudo, no segundo, com a bola ainda batendo em Sergio Ramos para enganar o goleiro Casillas. A Espanha, mesmo sentindo, até tentou, porém faltaram forças para buscar o empate. E, nos acréscimos, o ressurgimento da França se consolidou com Zidane fazendo um gol de craque, com o ritmo, a frieza e a competência de quem precisava coroar uma boa atuação e uma bela vitória: 3 a 1. O nome do jogo foi Vieira, notável atuação. A França, a gloriosa França, mostra, mais uma vez, que quem foi rei não perde a majestade. E caminha, gloriosa, para as quartas de finais. E o adversário tem nome, história e camisa amarela conhecida. Brasil e França vão fazer um clássico inesquecível nas quartas-de-final. Um jogo proibido para cardíacos.

O BRASIL SOBROU




Por mais que esta fosse uma vitória prognosticada até pelo tempo (se fosse mais quente daria Gana) não há dúvida que por sua importância fará parte da lenda desta Copa. Não pensem, pelo dilatado placar, que tenha sido um jogo francamente favorável ao Brasil. Não foi. O que deu tranqüilidade ao time foi o decisivo, o surpreendente, o eficiente gol de Ronaldo logo aos 5 minutos. Fazer um gol naquela hora daquela forma é como acertar um murro, numa luta de boxe, de fazer cair o oponente. Apenas Gana não foi um oponente qualquer. Gana não tinha gana apenas no nome e partiu para cima com a disposição de virar a adversidade. Não deu. Não deu pela espetacular disposição que o time demonstrou. Não deu porque Juan e Lúcio estiveram excepcionais e, quando passaram por eles, Dida esteve notável pegando uma bola miraculosa com o pé errado no momento certo. Não deu porque Roberto Carlos e Cafu, apesar de continuarem errando o de sempre, tiveram fôlego de garotos. O medo da reserva os fez abandonar o salto alto e disputar as jogadas. Não deu porque Zé Roberto, Emerson e depois Juninho Paulista e Ricardinho, este excepcional valendo cada minuto em que jogou, estiveram de bons para ótimos. E Ronaldinho jogou sua melhor partida, apesar de continuar errando muito para um jogador de sua qualidade. E Gana teve, no primeiro tempo, mais posse de bola, mais oportunidade, mais velocidade e mais acerto. Menos no gol e, quando acertava, Dida surgia seguro. Como quem não faz leva veio o golpe mortal. O gol de Adriano, um Adriano que nada havia feito, além de perder um gol. Não importa um centro-avante é um centro-avante, um matador. Quando faz o gol cumpre sua missão. Podia ter sido tirado ali. Não tinha mais nada o que fazer. Depois de tudo que os ganenses fizeram sair com dois a zero era, foi, uma injustiça. O placar, no fim, também foi injusto. Poderia ter sido quatro a dois, cinco a dois, seis a três, mas três a zero só a competência do nosso esquema defensivo explica. E a sorte. No segundo tempo as coisas estavam mais fáceis, mas não tão fáceis. Gana não desistiu. Nós é que jogamos melhor. Tocamos mais a bola. E, em vinte e quatro toques de bola, surgiu o prêmio para Zé Roberto um gol inesquecível num passe idem de Ricardinho. Para mim o nome do jogo foi Dida. Zé Roberto, Lúcio, Juan mereciam também. Como Ricardinho: entrou para liquidar o jogo acalmando e distribuindo a bola como um maestro. O Brasil fez sua melhor partida contra um adversário difícil- não se enganem. Jogou com a inteligência, a competência, a eficiência e a sorte dos campeões. Custou a sobrar em campo, porém não por culpa sua. O mérito foi de Gana que, entre as equipes que jogou com o Brasil, era a melhor e a mais preparada. Saíram da competição deixando uma lembrança inesquecível: jogaram com qualidade e disposição de campeões. E uma vitória só é grande, saborosa contra um adversário assim com a grandeza que Gana teve. Pode comemorar. Esta sim. Valeu!Valeu!Valeu!

Monday, June 26, 2006

QUEM NÃO FAZ LEVA


O jogo começou lento, mas, como se esperava, a Itália buscou, com Del Piero e Toni, o ataque no primeiro tempo. E a Azzurra teve as melhores oportunidades, quase sempre com Toni, que não conseguiu acertar. A Austrália, com seu estilo defensico e muito cauteloso, taticamente um 3-6-1, se limitou a tentar as conhecidas jogadas aéreas. Viduka, daí que só conseguiu duas finalizações na etapa inicial, nas quais mostrou que Buffon é um goleiro seguro e bem colocado. A Itália voltou do intervalo com, aparentemente, mais vontade, porém logo aos cinco minutos o árbitro expulsou, de forma rigorosa, o zagueiro Materazzi, por uma entrada em Bresciano, quando o defensor não tinha cartão amarelo e a falta não merecia, na opinião majoritária, o cartão vermelho. Com um a mais a Austrália tomou conta do meio-campo e os italianos passaram a sofrer um assédio permanente compensado por perigosos contra-ataques. Aos 29 minutos, o técnico Lippi mudou colocando Totti no lugar de Del Piero. Os australianos continuaram sem transformar a posse de bola em eficiência e perderam boas chances tentando jogadas, principalmente pelo meio onde a zaga italiana estava bem postada. O treinador Guus Hiddink, aos 36, resolveu jogar para vencer tirando o meia Sterjovski, colocando o atacante Aloisi, ao lado de Viduka fazendo a pressão se maior e o jogo mais dramático. Aos 38, Bresciano arriscou da entrada da área, de canhota, e a bola passou por cima. Surgiram boas jogadas sem finalização boa como na hora em que o goleiro Buffon saiu corajosamente nos pés de Aloisi. No fim a Itália, diante da perspectiva nada agradável de mais 30 minutos de sofrimento fez das tripas coração e partiu para cima quase marcando, aos 41, quando Iaquinta, depois de um bate-rebate, chutou na pequena área em cima de Schwarzer que defendeu. A resposta veio, aos 44, com Aloisi tentando uma bicicleta na área, mas furou feio. Aos 48 minutos, quando não se esperava mais nada uma jogada de lateral foi transformada por Grosso no momento culminante da partida, pois driblou um zagueiro entrando na área e quando foi passar pelo segundo foi travado, quis passar por cima dele e caiu. O juiz marcou pênalti. Para a maioria dos analistas o lateral cavou o pênalti depois que perdeu a jogada, caindo com a chegada de Neill. Totti cobrou e fez: 1 x 0. No mínimo valeu como lição: quem não faz leva. A Itália mereceu pela capacidade e disposição de luta. A Austrália por não saber fazer valer sua vantagem. Todo mundo diz que o melhor em campo foi Buffon. É vero, porém quem fez a diferença mesmo foi Grosso. E Totti batendo o pênalti de forma inapelável, implacável.

Sunday, June 25, 2006

A FAÇANHA PORTUGUESA




Inglaterra e Equador fizeram um jogo feio, amarrado, sem criação e até sem dramaticidade. Nem mesmo os passes de ambas as equipes que costumam ser bons o foram. Claro que, num jogo decisivo, o nervosismo conta, porém não foi apenas nervosismo foi também falta de qualidade das equipes. Como não conseguiam criar deixavam a impressão que qualquer um que fizesse um gol liquidaria a fatura. E, por um breve momento, esteve nas mãos do Equador o fim da partida quando Carlos Tenório surgiu na cara do gol acertando o travessão no desvio do zagueiro. Ali foi a oportunidade equatoriana. A da Inglaterra veio com a bola parada que Beckham colocou com se fosse como a mão no canto. O goleiro foi, mas já era. Teve quem pensasse que foi frango, porém não foi embora o goleiro se tivesse tido uma melhor colocação teria chance de pegar. Na posição que ficou foi impossível. E, como se esperava, o 1x0 selou a sorte do jogo. Portugal e Holanda não foi um jogo. Foi uma batalha. Não se sabe se por influência do local, Nuremburg, os jogadores esqueceram de jogar e partiram para o jogo bruto. O resumo foi de muito menos futebol do que se esperava e muito mais pancadaria do que deveria existir com enfeites de maus modos, de falta de esportividade e profissionalismo e agressões sem razão de ser sob os olhos de um juiz que se perdeu por complacência com o vergonhoso espetáculo. Quatro expulsões (Costinha aos 45 minutos do primeiro tempo por Portugal, seguida pela de Khalid Bouhlarouz da Alemanha, aos 62 minutos, Deco de Portugal, aos 77 e, por fim Giovanni Van Bronckhorst, aos 90+5, ou seja, cinco minutos além do tempo normal) e 16 cartões amarelos fizeram desta partida um recorde histórico, em mundiais, de péssimo comportamento em campo e serviram apenas para dar um toque de dramaticidade à classificação de Portugal que criou a única jogada que começou com Cristiano Ronaldo roubando a bola no meio e tocando para Deco, que cruzou da direita. Pauleta matou a bola e rolou para trás, para Maniche, ajeitar e chutou forte, sem chances para Van der Sar.

Foi a grande jogada e o suficiente para transformar Maniche no nome do jogo, embora a torcida portuguesa gritasse mesmo era o nome de Felipão por ter dado ao time uma injeção de animo que foi importante mesmo quando o bombardeio holandês era maior, embora, sem inspiração. Outro personagem importante do jogo foi o arbitro russo Valentin Ivanov cuja a senhora mãe deve ter sentido muito seu nome homenageado em diversas línguas. Só se pode dizer, no entanto de um jogo igual a este que venceu o menos ruim. Ótimo que tenha sido Portugal e melhor ainda para Felipão que sai consagrado, pois até os portugueses já sonham com a Copa. É sonhar demais, porém nada é impossível. E derrubar a Holanda, seja de que modo for, é uma façanha.

Saturday, June 24, 2006

EFICIÊNCIA E CAMISA




Podolski diz que Klause é o cara!
Quando não existe, como nesta Copa, equipes entrosadas nem um desnível muito acentuado do futebol que vem se jogando qualquer time que, como a Suécia, toma dois gols antes dos quinze do primeiro tempo tende a desmanchar. A rigor a Suécia virou suco com dois gols de Podolski, que foram construções do artilheiro Klause, este sim merecedor de ter feito seu golzinho. O jogo foi de um time só. A Suécia quis entrar em campo, porém ficou fora por conta da expulsão de Lucic, aos 34 do primeiro tempo, e do pênalti perdido que poderia ter modificado a partida. Com o despacho nas alturas de Larsson foi embora também qualquer pretensão. Mais uma vez se comprovou a “tese Zico”: perder pênalti, em Copa do Mundo, é pedir para ir embora. A Alemanha mostrou a que veio. Jogou bem, segura, se afirmou como uma equipe com grandes possibilidades de chegar aos jogos finais. Klose foi o grande nome do jogo: fez a diferença. E os alemães a festa. O time, agora, passou de pato para ganso. No mata-mata das oitavas o primeiro grande sufoco quem passou foi à Argentina. Não viu a bola, logo no começo, exceto para ir buscar no fundo das redes do goleiro Abbondanzieri depois de um chute à queima-roupa de Rafa Marquez. E mal começou a fazer algum esforço a sorte lhe sorriu: Borghetti fez contra sob a pressão de Crespo, para quem foi dado o gol. O que não dá para entender é como se deixa um atacante marcando outro e logo o mais perigoso atacante do time adversário. É uma tática estranha. O jogo foi excitante, mas ruim. Um jogo travado. Um jogo catimbado. Um jogo que terminou 1x1 no tempo regulamentar por falta de criação, de jogadas perigosas e por erros do arbitro. Mesmo correndo muito inverteu faltas claras, deu impedimentos inexistentes, um no fim do jogo poderia ter liquidado para a Argentina e deixou os jogadores reclamarem demais. O grande, o notável, o extraordinário jogador foi mesmo a torcida Argentina. Impressionante o entusiasmo da torcida que não deixou um momento sequer de acreditar na vitória e torcer ruidosamente numa maravilhosa festa azul e branca. Ela, de fato, foi quem mereceu o belo gol que Maxi Rodríguez fez, ao receber um lançamento de longa distância de Sorín, acertando uma bomba no ângulo direito do goleiro Oswaldo Sánchez, aos 8min do primeiro tempo da prorrogação. O gol foi resultado da qualidade e do fato de que a camisa pesa. A Argentina, mesmo jogando mal, é a Argentina e se impôs contra um time que deu o melhor de si, mas manteve, durante todo tempo, um atacante, como Fonseca, que só dá pontapé, empurra e não acerta uma jogada. È ótimo para o futebol e a Copa que tenha sido assim sofrido, porém justo o resultado. E, de quebra, nos oferece, no próximo dia 30, um presente de emoção e prazer: Alemanha x Argentina. É jogo para inglês ver e brasileiro gostar. Afinal qualquer um que sair daí está com um pé na final.

A BOLA É REDONDA, REDONDINHA....

A LÓGICA NÃO
As classificações da França, da Espanha, da Suíça e da Ucrânia seguiram a lógica. No fim o peso técnico das equipes e a camisa pesam. Não deu outra coisa. A França, até que enfim, jogou bem. Não foi um time que possa inspirar grandes ambições, mas lutou, criou e, no fim, foi recompensada. Escrevo (embora só vá postar mais tarde) antes de Suécia e Alemanha. Aqui não tenho dúvidas em apontar a Alemanha como provável ganhadora. Entre Argentina e México, salvo uma pane, vai dar Argentina. Inglaterra e Equador. Ainda penso que os ingleses ganham, com dificuldade, mas ganham. Portugal e Holanda. Torcer vou torcer por Portugal, mas o bom-senso me recomenda a Holanda. Itália e Austrália nem penso para cravar Itália. Suíça e Ucrânia. Sou Suíça. Time duro, difícil de levar gol. A Ucrânia tem mais técnica, porém demonstrou um futebol de altos e baixos. Brasil e Gana. Não dá para não ser Brasil, mas...se colocam os lentinhos a coisa pode complicar. Os africanos, apesar de inocentes, correm uma barbaridade e se acertam o pé...Valha-me Deus! Espanha e França não dá para não acreditar que vai dar Espanha. É a lógica e meu comentário trabalha com ela, porém futebol é futebol e, agora, que as coisas são para valer, que começou o mata-mata, um lance, um pênalti ou gol perdido farão imensa diferença. E também a garra e a sorte. É assistir e torcer. Fácil não vai ser para ninguém. E a lógica sofre muitas voltas e os caprichos dos deuses da bola são insondáveis. Logo a lógica pode acontecer, na maioria, mas umas surpresas vão acontecer. Espero que não para o nosso lado. Parreira abre os olhos!

Thursday, June 22, 2006

UMA BOA ATUAÇÃO


Em primeiro lugar é preciso dizer que a grande surpresa deste mundial foi, é Gana. Ganhou dos Estados Unidos que, é verdade, tem altos e baixos, porém é uma equipe que marca com eficiência. Já havia ganhado da República Tcheca (e não se pode esquecer que pelo mesmo placar que a Itália ganhou) e contra a própria Itália perdeu pela qualidade do adversário, de um lado, mas a má pontaria de seus atacantes também contou. A Itália fez o dever de casa com competência. Já a Austrália foi buscar seu espaço e conseguiu. Azar da Croácia. Vamos ao Brasil. Jogar, como jogamos, podendo até perder é um luxo. Isto conta. Conta mais ainda que os japoneses precisavam ganhar. Pelo lado psicológico jogar contra um time da qualidade dos brasileiros tendo que fazer dois gols de diferença só mesmo numa situação de igualdade com o nervosismo também pesando do outro lado. Não era o caso. Afora as mudanças que Parreira promoveu, com a entrada de Juninho Pernambuco e Robinho que deram mobilidade ao time aumentada por um Cicinho doido para fazer história. Assim o Brasil, em relação às rodadas anteriores, teve muito mais velocidade. O time, mesmo pecando nuns toques a mais e nas finalizações, deixou claro que a vitória era uma questão de tempo. Logo o goleiro japonês Kawagushi fez cinco defesas importantes, inclusive um verdadeiro míssil, aos 21, quando Ronaldo rolou para Juninho Pernambucano mandar um petardo que Kawagushi desviou para escanteio. Porém, aos 33 minutos, uma bola passada de um canto a outro do campo na frente de dois defensores permitiu a Alex Santos enfiar para Tamada, que mandou um foguete de canhota, sem que a Dida tivesse tempo de se coçar. Japão um a zero. O Brasil tomou um susto, diminuiu o ritmo e até parecia que ia deixar o primeiro tempo perdendo, mas, no minuto de desconto, Ronaldinho Gaúcho fez uma inversão de jogo da esquerda para a direita com Cicinho, um baixinho, tocar com precisão de cabeça para a área onde Ronaldo, também de cabeça, fundamento pelo qual não prima, com maestria para dentro do gol: 1 x 1. Com tanta sorte não dá para não se ficar autoconfiante. Afinal, naquele instante, não se acreditava que gol nenhum sairia mais. No segundo tempo veio o passeio. O time voltou com determinação de liquidar a fatura e, aos sete minutos, também inesperadamente, Robinho recuou a bola para Juninho Pernambucano que arriscou de fora da área. Kawagushi até foi, mas era muito tarde. Até há quem diga que falhou, mas ser goleiro é diferente de ser milagreiro: 2 x 1. Depois foi só esperar que o terceiro, aos 13 minutos, viesse num contra-ataque puxado por Ronaldinho Gaúcho que deixou Gilberto livre pela esquerda para invadir e chutar cruzado. Golaço. Claro que, a partir daí veio à acomodação de modo que o quarto somente aconteceu aos 35 quando o zagueiro Juan foi ao ataque e trocou passes com Ronaldo. O artilheiro recebeu, limpou na entrada da área e bateu no canto esquerdo de Kawagushi estabelecendo o placar final: 4 x 1. A torcida ficou feliz mesmo com os brasileiros só tocando a bola até o final do jogo. Foi uma boa atuação. No entanto Ronaldinho Gaúcho e Kaká, mesmo se movimentando muito, não estiveram bem e o próprio Robinho, apesar da extrema mobilidade, em muitos momentos abusou de toques. Claro que, como na vida, o que interessa é o resultado. Esta a razão pela qual Ronaldo foi o melhor em campo. Esforçado, brigando, mesmo sem estar na sua melhor fase, mostrou porque é um jogador especial: deu sopa ele mata. Não fez sua fama à-toa e calou as críticas com dois gols impecáveis. O sorriso dele é a marca de competência de quem sabe fazer. E fez. Agora é ir, com gana, para cima de Gana. Com cuidado também. Os africanos são muito rápidos.

Wednesday, June 21, 2006

O MATA-MATA


Por causa dos horários não tive como acompanhar as três últimas rodadas. De fato vi apenas pedaços e não me causaram maior impressão. Fora o jogo Suécia e Inglaterra, que teve gosto e garra de Copa, e o não tão surpreendente passeio alemão sobre o Equador não creio que há muito o que comentar. Algumas partidas somente serviram para confirmar o que desconfiava: a falta de equipes entrosadas, treinadas, enfim a falta de conjunto faz com que esta Copa seja um palco de surpresas. Nem falo da pelada treino entre Argentina e Holanda, ambos classificados colocaram times para cumprir o compromisso e fizeram um anti-jogo, ou da vitória de Portugal que, mesmo colocando o nome de Felipão no panteão das copas, não foi lá essas coisas e ainda contou com aquele elemento mágico que todo time para ganhar deve ter: sorte. O pênalti perdido pelo México parece que foi o único elemento que serviu para dramatizar mais o resultado. Porém, convenhamos, pênalti é pênalti. Quem perde não tem que reclamar senão de si mesmo. Poderia relembrar alguns erros de juízes que ajudaram Espanha e Itália, porém também faz parte do jogo. É claro que o time prejudicado não acha nenhuma graça. Acontece que, de qualquer forma, estão saindo os melhores e, agora, nas oitavas é que a onça vai beber água mesmo. Já estão definidos quatro jogos: Alemanha x Suécia; Argentina x México; Inglaterra x Equador e Portugal x Holanda. Os outros vão se definir amanhã, 22, e depois, 23, embora Brasil e Espanha já estejam garantidos. Por mais que digam que este compromisso com o Japão é sério como já vimos com as outras seleções, depois de garantidos na próxima etapa, há uma despreocupação natural e, no máximo, como o Japão vai tentar fazer alguma coisa, servirá para aquecer o time. A questão é que continuamos sem acertar a marcação, deixando um espaço imenso entre zagueiros e ataque. Em parte isto vem de que Adriano e Ronaldo ocupam o mesmo espaço do campo e ficam muito parados, porém não é só isto. Para fazer o que é necessário teria que resultar numa mudança para um estilo que ambos não possuem. A lógica manda colocar Juninho Pernambuco, porém Parreira é apegado a formulas e conservador. Vamos ver. De qualquer forma se não modificar a forma de jogar podemos nos preparar para sofrer no próximo jogo sério. Quem vier vai vir com gosto de gás. Qualquer que seja o time não dá para vacilar. O detalhe, um gol, pode ser a diferença. E, principalmente, quando se leva um gol cedo, muitas vezes, é o carimbo para a volta. Depois do Japão vem o mata-mata. E não dá para vacilar.

Sunday, June 18, 2006

PARA FRANCÊS DESANIMAR


Faltou a poção mágica chamada futebol
Poderia ter sido um jogo bom para francês ver a equipe quebrar o jejum de gols, porém acabou sendo mesmo o desjejum de Ji-sung Park que fez história fazendo um gol inesperado e se tornando o melhor do jogo. Convenhamos, no entanto que foi um jogo, apesar de corrido, ruim e que, se bem examinado, teve um placar correto. É verdade que a França começou bem melhor e já, aos 6min, quando Henry deu um belo passe para Wiltord. O camisa 11 recebeu na área e bateu cruzado, mas o goleiro Won-jae Lee saiu bem e impediu o gol. Mas, já aos 8 minutos, Wiltord dominou na meia esquerda e bateu meio prensado com a bola sobrando para Henry, que só teve o trabalho de, com a perna esquerda, tocar na saída do goleiro. Feito o gol a França se acomodou sem que os coreanos conseguissem criar perigo no ataque. Apenas aos 21min, quando o zagueiro Gallas tentou cortar de cabeça e quase marcou contra. Parecia que a França liquidaria a fatura a qualquer hora pela fragilidade da defesa da Coréia quando era atacada. Aos 32min, Vieira subiu mais alto que os zagueiros, numa cobrança de escanteio, cabeceando forte para Won-jae Lee fazer a defesa de dentro do gol. O árbitro não viu e ficou por isto mesmo. No intervalo, Dick Advocaat trocou Eul-yong Lee por Ki-hyeong Seol. Do lado francês, Domenech, no começo do segundo tempo, colocou Frank Ribery no lugar de Sylvain Wiltord. O jogo, porém continuou o mesmo, exceto por uma trombada de Ho Lee com Patrick Vieira, que resultou em contusão e substituição do coreano. Aos 36min, já não se esperava mais nada, no entanto Jae Chin Cho recebeu cruzamento da direita e escorou de cabeça para a pequena área onde, de joelho, Ji-sung Park encobriu Barthez ante o desespero do zagueiro Gallas que não conseguiu impedir o gol. Um castigo pela falta de empenho francês. E, para completar, nos minutos finais, Zidane recebeu o segundo cartão amarelo. Não pode jogar a próxima partida. Ele e o lateral-esquerdo Eric Abidal desfalcam o time por causa do 2º cartão amarelo. Zidane pode ter dado melancolicamente adeus à Copa. O técnico francês diz que a França ainda está viva. Hum!Hum! No campo mal apresentou sintomas de quem respirava. De qualquer forma ainda tem chances, mas tem que torcer para Togo aprontar em cima da Suíça. E ganhar de Togo. Jogando a bolinha que apresentou e ainda mais sem Zidane não dá para alimentar muita esperança. Porém ainda não é hora de jogar a toalha.

IRRITANDO UM BRASILEIRO CRÍTICO


A seleção brasileira não repetiu sua atuação anterior. Contra a Austrália esteve muito pior. Muitos erros de passe, pouca movimentação no ataque, troca de passes curtos e/ou para trás no meio-campo e muito pouca criatividade. É fato que foi fortíssima a marcação da Austrália, bem como que jogava com cinco, ou mais, no meio e apenas Viduka no ataque. Porém, não é menos fato, que Ronaldinho Gaúcho esteve irreconhecível, Kaká até perder um gol incrível perdeu, Adriano somente se soube que esteve em campo por causa do gol e, o mais criticado, Ronaldo foi, apesar de errar um chute impensável e de não estar em forma, quem mais lutou e, inclusive, deu o passe decisivo para o gol “Bem-vindo nenê”. Os australianos batem bem, batem duro. Grella foi criminoso, em Ronaldo, deixando as marcas da chuteira no jogador. Parreira pedia, e o nervosismo da equipe insistia em não atender, toque de bola e movimentação. A seleção não fugia do bloqueio do adversário. O primeiro tempo teve poucas bolas, realmente, de perigo e a única que poderia ter sido gol, aos 36 minutos, resultou numa horrível furada de Ronaldo. Ainda assim foi o atacante mais perigoso num jogo travado, travado, com poucas oportunidades, como a de Bresciano, aos 46 minutos, chutada por cima do gol de Dida. No segundo tempo, logo aos três minutos, o alívio. Ronaldinho Gaúcho tocou para Ronaldo livre que esperou os defensores fecharem sobre ele para rolar para Adriano, que ajeitou a bola e chutou no canto esquerdo de Schwarzer. O jogo, daí para frente, ficou mais fácil, porém não estava ganho. A Austrália não se conformou e foi para cima. Aos nove, Bresciano invadiu livre, mas Zé Roberto salvou com um carrinho perfeito. Aos dez, Sterjovski chutou por cima, com perigo. Hiddink mudou de novo e pôs Kewell, na vaga de Cahill. E Kewell, um atacante habilidoso, deu trabalho tanto que, aos 11 minutos, perdeu um gol incrível quando Dida saiu desastradamente e largou a bola no seu pé. No susto o australiano chutou por cima, com o gol completamente vazio. Depois, aos 13, Emerton chutou na rede pelo lado de fora e, novamente Kewell, aos 22 minutos, recebeu e tentou deslocar Dida, errando por pouco. Tentando tudo, aos 24 minutos, a Austrália colocou o atacante Aloisi, no lugar do zagueiro Moore. Dois minutos depois Parreira sacou Emerson e Ronaldo, para as entradas de Gilberto Silva e Robinho. Robinho, no primeiro lance, já infernizou a vida dos zagueiros embora concluindo mal à esquerda do gol. Outras tentativas brasileiras se sucederam, mas foram os australianos, aos 34 minutos, por meio de um voleio de Bresciano, quem mais esteve perto do gol com Dida fazendo uma defesa espetacular. Kaká quase dá certo aos 36, ao cabecear a bola no travessão, num escanteio. No minuto seguinte, Lúcio cruzou e Juan cabeceou muito devagar, quase atrasando para defesa de Schwarzer. Os australianos assustaram, de novo, quando Bresciano bateu falta e Viduka raspou de leve de cabeça, rente ao poste esquerdo de Dida. E tome sofrimento: aos 40, em jogada de Aloisi, de cabeça, tocou para Viduka, completar por cima de Dida. A bola passou perto do travessão. A partida parecia que ia se tornar dramática no seu final quando, aos 42 minutos, Parreira tirou Adriano e colocou Fred. Alguns toques de bolas depois, logo aos 43, o atacante se transformou no grande nome da partida. Entrou, com uma sorte enorme, para participar de duas jogadas e aproveitar o rebote de um chute de Robinho na trave esquerda, para sozinho, ter o imenso trabalho de empurrar para as redes e comemorar. A Austrália ainda tentou, porém, depois de tanta sorte assim, faltava até convicção de que alguma coisa pudesse acontecer. E, de fato, nada aconteceu, fora os dois gols. A Fifa apontou Zé Roberto como o nome do jogo. Bobagem. Um atacante que entra a três minutos do fim e faz um gol não importa como, principalmente numa chave de tão poucos gols, deveria merecer uma placa. No mínimo louvando sua sorte. E foi tanta que, na cabeça de ninguém, constava que iria entrar. Nem dele mesmo. Parreira foi audacioso. Uma vezinha. Agora Fred se jogar na loteria ganha. Se não for na brasileira por motivos óbvios.

A FALTA DE UM MATADOR

Que dizer de um jogo em alta velocidade em que as equipes conseguem muito pocuo incomodar os goleiros? Em que, apesar de melhor distribuído e com mais posse de bola, o Japão do técnico Zico não conseguia ser ofensivo? Onde o primeiro lance de perigo aconteceu apenas aos 20min, quando o japonês Miyamoto perdeu a disputa de bola para Prso, que foi derrubado na área e resultou num pênalti? Lógico que o grande nome da partida foi mesmo o do goleiro Kawaguchi que fez grande defesa, na cobrança do pênalti, espalmando a bola com apenas uma mão. É verdade que Srna partiu sem convicção e, mesmo colocando razoavelmente bem, não chutou com força. Pênalti, por sua importância, tem que ser bem batido. E, queiram, ou não, os goleiros somente não entram quando não são bem batidos. Os lances bons foram poucos. Niko Kranjcar, aos 27 minutos, passou por Fukunishi e chutou de fora da área. A bola estourou no travessão do goleiro Kawaguchi, o menor goleiro da Copa, com 1,79m. Pouco depois, Kranjcar deixou Klasnic na cara do gol. Mas o atacante croata chutou para fora. Aos 35min, Nakamura foi pelo meio e tocou para Nakata, que bateu para Pletikosa fazer uma grande defesa. Aos 39min, Klasnic fez uma jogada individual e chutou forte. Kawaguchi, mas uma fez, fez boa defesa. Mas, foi no segundo tempo, que o Japão perdeu o gol mais feito quando, aos 5min, o lateral Kaji tabelou com Takahara e da linha de fundo cruzou nos pés de Yanagisawa, que mais pareceu zagueiro, com gol aberto isolou a bola, longe do gol de Pletikosa, no chute mais improvável para qualquer atacante. As duas equipes atacaram muito, porém sempre sem objetividade. No final da partida aceleraram inutilmente. Faltavam pernas, faltava gás e, mesmo assim, criaram lances que foram desperdiçados como sempre. Quem quiser fazer um “Manual de Como Não Marcar Gols” tem obrigação de assistir um tape do jogo. Com finalizações tão ruins, sem espírito ofensivo ou objetividade o 0x0 não pode deixar de ser um placar justo. Faltou, em ambos os times, um jogador matador, com o instinto do gol. Sorte de Kawaguchi e de Pletikosa.

Saturday, June 17, 2006

Saiu até sangüe

Itália e Estados Unidos fizeram, até aqui, o jogo com mais cheiro e gosto de Copa do Mundo. Não foi somente um dos jogos mais movimentados do Mundial, mas também um dos mais disputados, mais aguerridos e até violentos, inclusive inaugurando a sessão de até expulsões com abundância: nada menos do que três. Igualaram o recorde histórico de expulsões em Copa. Para os EUA, que buscavam ao menos um ponto para se manter, era mesmo questão de vida e morte. Depois do apito inicial o estádio de Kaiserslautern viu que jogadores norte-americanos não somente estavam aplicados como imbuídos do desejo de vencer. E a aplicação também era italiana tanto que aos 4 minutos, o meia-atacante Totti recebeu cartão amarelo por falta violenta em Dempsey. O jogo foi truncado e a primeira chance de gol soemente saiu de bola parada. Aos 14min, Nesta derrubou Convey na entrada da área. Donovan cobrou na barreira. No minuto seguinte, Convey recebeu cruzamento da direita e chutou mal, por cima do gol de Buffon. E, quando menos se esperava, numa perfeita cobrança de falta de Pirlo, um dos melhores do jogo, a Itália conseguiu abrir o placar, aos 22min, Pirlo com Gilardinho cabeceando no canto direito do goleiro Keller diante da falha da zaga que pedia um impedimento inexistente. A vantagem italiana durou pouco. Cinco minutos depois também numa cobrança de falta, Zaccardo tentou desviar e fez um gol contra. O empate abalou a confiança da seleção italiana. Que se já estava nervosa piorou. O fato resultou em que, aos 28 minutos, De Rossi acertou uma cotovelada em McBride e foi expulso. grande. O jogador norte-americano sangrou, todavia não foi substituído.
A Itália ainda teve chance de marcar o segundo com Toni, aos 29 minutos, recebendo lançamento de Pirlo e chutando cruzado. A bola passou perto do gol norte-americano. Aos 34min, o técnico italiano Marcelo Lippi sacou Totti e colocou em campo o volante Gattuso para recompor o meio de campo, porém abrindo mão de ser mais ofensivo. A ironia veio a campo, pois Mastroeni que quase virou o jogo, aos 41min, com um chute de fora da área mais dois minutos depois entrou de forma violenta e desleal em Pirlo e também foi expulso. Outro jogador norte-americano seria expulso no primeiro minuto da etapa final, Pope, que já havia recebido cartão amarelo, e cometeu uma falta desleal em Gilardinho. Em superioridade numérica, a Itália passou a dominar. Só criou duas oportunidades aos 2min e 6min. Na primeira Pirlo cobrou falta com perigo. Na segunda Bocanegra tentou afastar, acertou cabeçada no travessão e quase fez contra. A Itália não conseguia ser ofensiva e o técnico italiano até tentou melhorar ao tirar Zaccardo e colocar em campo o atacante Del Piero. Este tentou muito sem bons resultados. Os EUA estiveram mais perto de aprontar e, aos 19 minutos, Beasley fez o segundo gol norte-americano, mas o árbitro uruguaio Jorge Larrionda anulou, com competência, por impedimento de McBride. Ainda por duas vezes o goleiro Keller salvou os EUA numa delas fazendo uma bela ponte, aos 27min, quando Del Piero tentou deslocá-lo. E, no final, o jogo ficou dramático. A Itália ainda desperdiçou uma grande chance aos 41min. A zaga se antecipou a Iaquinta e cortou cruzamento de Del Piero. No fim a grande figura do jogo foi mesmo a do árbitro uruguaio Jorge Larrionda teve mesmo que administrou uma batalha com competência. E expulsou e aplicou o cartão quando necessário. O time dos EUA fez uma partida de gente. Honrou a camisa. A Itália também foi um time aplicado, porém não lembrava o time ofensivo que ganhou de Gana. O resultado só prova que cada jogo é um jogo. Que o resultado de ontem não garante o de hoje e que, no futebol global, é preciso matar um leão a cada dia.

PINTOU A ZEBRA



Que Portugal tinha um time superior ao do Irã todo mundo sabia, mas futebol se ganha em campo e no campo não foi uma vitória fácil. Em alguns momentos deixou até a impressão de que não sairia. O jogo foi disputado, porém nada de muito bom. Quem jogou bem, de fato, foi Figo que deu o passe para o primeiro gol de Deco e sofreu o pênalti que Cristiano Ronaldo converteu. Ótimo para o time de Felipão e para a Copa. A bola de Portugal, porém continua cheia de arestas, mas suficiente para espantar a zebra. E esta surgiu onde menos se esperava: a peça que Gana pregou na República Tcheca. È bom para demonstrar que, na Copa, cada jogo é um jogo. Ainda mais que, até agora, nenhum time conseguiu conservar o seu padrão de jogo. E o que aconteceu com a República Tcheca foi trágico. Mal começa o jogo Appiah cruzou a bola para área, Ujfalusi falhou e a bola sobrou para Gyan. O atacante tocou no canto esquerdo sem chances para de Cech: 1 x 0 para Gana. Um gol no primeiro minuto! Gana já havia demonstrado que era um time de forte condição física que somente perdeu para a Itália por perder os gols que não poderia perder. E não foi muito diferente contra os tchecos numa partida na qual perderam gols incríveis, até um pênalti, conseguindo transformar o goleiro Cech no grande nome da partida. O gol inicial levou o time a abandonar seu padrão de jogo de defesa compacta e procurar o gol transformando a partida num jogo veloz e emocionante com perigos ao gol de ambos os lados, porém com um resultado terrível para o melhor time tecnicamente e taticamente falando: perdeu toda a condição física. No segundo tempo os jogadores tchecos estavam de língua de fora o que levou Ujfalusi a ter que, para parar Amoah, aos 19 minutos, dar-lhe o bico por trás fazendo pênalti e indo tomar banho mais cedo. Nem a perda do pênalti amenizou a situação. Faltava gás e os africanos tanto perderam gols que, quase por obrigação, tiveram que fazer e estabelecer a zebra no gramado. Cech virou milagreiro. Por duas vezes, pelo menos, evitou gols incríveis, como aos 32, um chute de Amoah e, aos 34, num chute a queima-roupa de Gyan. Não dava era para pegar tudo e assim aos 36, não teve jeito. Depois de umatroca de passes, Muntari, sem ninguém para atrapalhar, fuzilou: 2 x 0. O resultado, além de surpreendente, obriga a República Tcheca a ir tentar buscar sua vaga em cima da Itália, ou seja, dá mais sensação à Copa. E, na prática, recolocou todo mundo em posição de poder ir para a fase seguinte. Que foi a grande zebra foi. O técnico da República Tcheca, Karel Brückner, ficou desesperado e sua torcida custava a acreditar depois do baile que haviam dado dos Estados Unidos. Não dá para se deslumbrar com Gana. Se não tivessem sido tomados pelo desespero e tivessem ido disputar na velocidade a história poderia ter sido outra. O fato é que, como aconteceu, se fazem um gol logo se tornam difíceis de serem batidos por qualquer um. Sabem se defender, correm muito e só erram demais na hora de finalizar. Com equipes mais aplicadas taticamente não terão tantas oportunidades de gol.

SUPERIORIDADE...


SÓ VALE NO CAMPO
A superioridade técnica da Holanda sumiu diante da velocidade da Costa do Marfim tanto que, apesar de terminarem perdendo o primeiro tempo, tiveram mais no ataque, embora sem eficiência. Os holandeses reagiam com poucas jogadas de contra-ataque, porém, sem sucesso. A técnica se impôs e os “Elefantes” foram castigados com um gol adversário em lance de bola parada, aos 22 minutos. Em cobrança de falta Van Persie acertou um foguete de pé esquerdo, sem chances para o goleiro Tizié. O time laranja embalou e marcou mais um, aos 26 minutos. Robben escapou da marcação e tocou para Van Nistelrooy entrar livre pela esquerda e chutar forte sem defesa para as redes. Houve erros da arbitragem que é difícil de dizer até onde prejudicaram quem, mas o jogo seguiu equilibrado até que, aos 38 minutos, Baky Koné arrancou pela direita e com um chute cruzado acertou, também sem defesa, no ângulo de Van der Sar. Ainda houve tempo para cada equipe arriscar outros chutes sem sucesso. No segundo tempo Costa do Marfim acabou impondo sua velocidade, porém somente serviu para os holandeses sofrerem até o fim, pois nas finalizações faltava objetividade. Com o resultado o chamado “Grupo da Morte” se definiu com Argentina e Holanda que vão disputar no confronto o primeiro lugar. Que a superioridade técnica, muitas vezes, não resolve quando não se finaliza bem e o outro time se posta na defesa ficou evidente no 0x0 de México e Angola. O jogo de amanhã, sábado, entre Portugal e Irã, pode clarear melhor o grupo, porém, no momento, tudo pode acontecer. E, embora, cada jogo seja um jogo, pelo que se viu dos dois será uma partida novamente truncada e difícil, no entanto o Irã possui atacantes com melhor pontaria. Sem querer azarar Portugal que se cuide. Futebol se resolve é no campo.

Friday, June 16, 2006

FESTA AZUL AO SOM DO TANGO


Argentina e Sérvia-Montenegro fizeram apenas cinco minutos de uma igualdade fictícia na qual parecia que a força física seria capaz de barrar a técnica. Logo Sorín tocou para Saviola que viu Maxi Rodríguez penetrando em velocidade. O atacante passou para Maxi que, na entrada da pequena área, chutou com precisão e acabou o jogo. A superioridade argentina foi evidente em campo. A Sérvia não apresentava perigo e, para gáudio argentino, deixava jogar. Era o que bastava. O segundo gol, aos trinta minutos, selou a sorte no gol mais bonito, até agora, da Copa finalizado depois de perfeita troca de passes entre os argentinos. Riquelme, que tabelou com Saviola, inverteu o jogo para Cambiasso, que tabelou com Crespo, recebeu um toque de calcanhar na área e bateu, meio sem jeito, mais certo de pé esquerdo. Golaço. Aos 40 minutos, numa jogada meio estranha, Saviola roubou a bola do adversário pela direita, penetrou área e chutou de bico. O goleiro Jevric espalmou e a bola sobrou livre para Maxi Rodríguez chutar mal, é verdade, mas o suficiente para a bola tocar na trave e escorrer para as redes. De novo, no segundo tempo as coisas pareciam equilibradas, mas colocaram Carlitos Tevez, que fez sua estréia no Mundial no lugar de Saviola e o atacante Lionel Messi, grande esperança e promessa da seleção portenha no Mundial, com vontade de jogar. E Messi, mal entrou, recebeu uma bola Sorín e partiu em velocidade pela esquerda para cruzar para Crespo entrar dividindo e marcar.Tevez viu que estava fácil e arrancou pela esquerda, tocou por debaixo das pernas do zagueiro, limpou outro adversário e bateu no canto esquerdo para fazer o quinto. E aos 43 minutos Messi recebeu bom passe de Tevez pela direita e com força e precisão acertou os números finais da partida. Foi um lindo passeio azul ao som do tango e da festa, também azul, dos torcedores argentinos. Só houve um time em campo e, quando assim acontece, um domínio indiscutível não há muito o que comentar fora os gols. O resultado coloca a Argentina nas oitavas cheia de entusiasmo e moral.

(A foto do jogador isolado é de Riquelme, camisa 10, o nome do jogo. Deitou e rolou, com sol fez chover).

Thursday, June 15, 2006

CARIMBO NO PASSAPORTE


Embora sejam times completamente diferentes Inglaterra e Suécia fizeram jogos parecidos em tentar o gol contra adversários que só se defendiam. A Inglaterra demonstrou ser um time mais desarrumado que depende, essencialmente, de Beckham, pois as armações de jogadas são muito ruins. Principalmente no primeiro tempo a única, repetida, e ruim, jogada foi o chuveirinho para aproveitar o horrível grandalhão Crouch, que ficou em campo (quando deveria ter saído) e fez o primeiro gol (fazendo falta, é verdade, porém nem o juiz nem ninguém na hora viu). Convenhamos que gastar 83 minutos para fazer um gol em Trinidad Tobago é quase um atestado de falta de ataque. E olha que tentaram todas as mágicas até a volta de Rooney que entrou, mas ninguém viu jogar. O outro gol, aos 45 minutos, saiu dos pés de Steven Gerrard que driblou um, ajeitou a bola e, de fora da área, acertou na gaveta. Foi ótimo para a festa dos torcedores ingleses que até cantaram em louvor da Rainha. Os dois gols saíram chorados, cuspidos, escarrados quase no final e atestam, de fato, a falta de agressividade dos ataques deste grupo. É verdade que, no jogo contra o Paraguai, a Suécia foi agressiva o tempo todo (como a Inglaterra foi, hoje, contra Trinidad), mas também por falta de acerto nos chutes finais ou grandes defesas do goleiro Bobadilla nada aconteceu. O gol, no final, uma troca de bolas de cabeça com a finalização de Ljunberg, deslocando com categoria o goleiro, também extremamente chorado fez justiça, é certo, porém deixa a impressão que fazer gol não é o forte da equipe sueca. Ainda mais quando não dá para esquecer que passaram noventa minutos jogando contra Trinidad Tobago sem conseguir fazer um golzinho sequer. O Paraguai ainda faz mais um jogo. No entanto somente pode atrapalhar. Não lembra o time que já teve um ataque das eliminatórias e até Acuña e Valdez, jogadores de muita habilidade, sumiram do jogo. Mostrou-se apenas uma equipe defensiva, mas nem tendo um goleiro inspirado nem um beque da qualidade de Gamarra dá para agüentar noventa minutos somente se defendendo sem levar um gol. Sempre numa hora, quando a pressão é grande, a lei de Murphy funciona. E não foi diferente. A Suécia carimbou sem brilho, embora com méritos, a passagem de volta do Paraguai. Nos dois jogos o nome do craque é mesmo Beckham. Organizou, lutou, armou e deu um passe, para o primeiro gol, que foi puro mamão com açucar. Não é só bonitinho-como as mulheres dizem-é o bicho.

UM PASSEIO SONOLENTO

Equador e Costa Rica não foi um bom jogo. Nitidamente o Equador foi muito mais forte e, apesar de, no começo, o jogo dar a impressão de algum equilíbrio notava-se que o Equador pressionava com mais consistência. A primeira chance dos equatorianos aconteceu aos sete minutos num cruzamento de Valencia para a cabeça de Carlos Tenório e foi o que bastou para abrir o placar. O Equador foi melhor o tempo todo sem que o esforço do técnico da Costa Rica, o brasileiro Alexandre Guimarães, de fazer modificações adiantasse coisa alguma. O Equador continuou com o controle da partida, sem correr perigo, dando a impressão de que não se esforçava para ganhar logo. Veio o segundo tempo e Costa Rica parecia ter voltado melhor, mas, bem postados, compactos os equatorianos não deixavam criar chances de gol. Quem teve a primeira chance foi o Equador com Delgado obrigando o goleiro Porras, que nome Meu Deus!, a fazer mais uma boa defesa. Logo, aos nove minutos, Delgado fez boa tabela com Mendez na grande área e bateu forte, cruzado, mortal: 2 x 0. Com a vantagem consolidada no marcador o Equador passou a tocar a bola e administrar o resultado que classificou a equipe e Alemanha, com quem vai disputar o primeiro lugar do grupo. Aos 44 o Equador ainda fez mais um, Kaviedes aproveitando cruzamento pela direita para completar de cabeça, para ratificar a conquista inédita, a primeira vez que o Equador chega as quartas de finais. E dando um passeio. Mas que dormi, dormi.

Wednesday, June 14, 2006

A ALEGRE COMPETÊNCIA ESPANHOLA

Muitos gols e muita alegria.
A Espanha não há dúvida que jogou bem, no entanto o placar foi mais espetacular que a apresentação. Copa é Copa. Não vale título anterior, fama, glória ou conversa fiada. Vale o futebol no campo e no campo o que vale é gol. E a furiosa entrada na arena da Espanha se deu, justamente, com um lance de escanteio que o meio-campo Xabi Alonso colocou nas redes de cabeça aos 13 minutos. Não foi só a tranqüilidade que deu à Espanha foi como se tivesse dado a eles a certeza que o dia era deles. Tanto que antes se temia pela atuação de Villa, apesar de ser o artilheiro do Campeonato Espanhol com 25 gols, e não é que ele, de falta, quatro minutos faz outro graças ao desvio no defensor ucraniano Andriy Rusol. Ficou tudo fácil e a fatura liquidada se efetivou no início do segundo tempo, depois que o defensor Vladislav Vashchyuk foi expulso por puxar o calção de Torres na área. Villa fez o terceiro batendo o pênalti e o quarto viria de Torres enchendo a rede a nove minutos do encerramento. O atacante, veja a ironia, teve uma temporada frustrante com o Atlético de Madri. A goleada coloca a Espanha entre as favoritas. Minha desconfiança ainda é que nem sempre as coisas darão tão certo. Tunísia e Arábia Saudita fizeram uma pelada de luxo com quatro gols. Ainda aposto na Ucrânia na segunda fase. Os dois times são ruins, as defesas fracas, porém tudo é possível. Tanto que a Alemanha passou mais de noventa minutos sem acertar o gol da Polônia e acertou quando nem eles mesmos esperavam mais. Na prática a Alemanha se garantiu para a segunda fase e deve ter a companhia do Equador. Costa Rica, por mais que o técnico brasileiro pense que pode fazer bonito, não parece ter condições de passar pelo Equador e, mesmo que passe, é, no máximo, candidato a um empate com a Polônia. Ainda é cedo, mas entre os que apareceram se destacam mesmo a Alemanha, Espanha, Croácia, Brasil, Itália, Argentina e República Tcheca, depois Inglaterra, México, Holanda. É claro que, entre eles, só a Alemanha jogou duas partidas, de forma que é uma visão muito parcial. Como sou parcial mesmo é minha escola. Assim como continuo pensando que quem jogou melhor foi à República Tcheca depois a Croácia, mesmo perdendo para o Brasil, e a Alemanha, pela excelente marcação. Agora se formos pensar em eficiência a Espanha deu olé. É preciso lembrar que este mesmo time ganhou, perto de uma semana atrás, da Croácia somente por um a zero, ou seja, a goleada pode ser problema do adversário ou sorte do dia. A Ucrânia não é um time fácil e não perdia já há algum tempo, porém futebol tem dessas coisas quando um time desmancha fica presa fácil de enfiar uns três ou quatro e, no caso, a Espanha não perdoou. O fato é que valeu e carimbaram o otimismo com uma ótima performance. Competência é competência. E tem que ser respeitada.

Tuesday, June 13, 2006

O FUTEBOL EXATO

O GOL EXATO, NA HORA EXATA, PARA O FUTEBOL EXATO.

Talvez tenha sido o jogo, até agora, de melhor qualidade técnica da Copa. Dos que assisti foi. Brasil e Croácia fizeram um jogo bonito, emocionante, sem muitas faltas desnecessárias, com a beleza e o charme do bom futebol moderno que é- em boa medida- uma partida de xadrez. E o Brasil jogou o futebol “just-in-time”, na medida exata, até o gol saiu na hora certa. Evidentemente que nós, brasileiros e entusiasmados torcedores, sofremos demais, porém sofrimento mesmo deve ter sido dos croatas. Afinal dominaram grande parte da partida, fizeram uma partida contra um adversário considerado favorito, tomaram conta do meio de campo, impuseram seu ritmo e perderam no detalhe: o gol. Poderiam ter saído ao menos com o empate que, talvez, fosse um resultado mais justo não fosse o fato de que, em futebol, o que faz a verdadeira justiça é o gol. E o gol foi nosso. Um só e certeiro, indefensável gol de Kaká. O pecado deles, o único, foi ter dado espaço. O pequeno e necessário espaço para que vislumbrasse o canto esquerdo da meta e chutasse com a perfeição adequada, correta, fatal. Aquele gol. Só aquele gol foi a diferença entre Brasil e Croácia. Diz Parreira que o time só jogou 70%. Hum!Hum! Não creio. Creio sim que pesa muito o fato de que com Adriano e Ronaldo, que combateram muito pouco no meio de campo, os croatas impuseram seu ritmo. No futebol moderno equipe nenhuma pode se dar ao luxo de ter dois jogadores parados. E Adriano, no fim até procurou se esforçar mais, porém Ronaldo ainda não está no ritmo. Só deu um chute, o suficiente para provar que deve começar os jogos, mas insuficiente para mostrar que deve permanecer sempre. É visível que também, poucas vezes, recebeu a bola redonda. Embora receber a bola redonda com uma marcação dura e pesada como a dos croatas sem que o time estivesse criando muito se tornou quase impossível. Não se pode dizer que tenha sido uma estréia ruim. Nem que tenha sido muito boa. Foi uma estréia como o futebol na medida exata, com o placar exato. Se o nível da Copa fosse outro talvez o futebol apresentado não fosse suficiente para ser campeão. Considerando que a Croácia é uma das melhores e das mais difíceis equipes de serem batidas nesta Copa não há como não dizer que foi muito bom. Ou, como disse Felipão, o importante é vencer. Méritos também para a defesa. Fez tudo também na medida certa. Até a leiteria, que é fundamental, teve. Dida fez duas grandes defesas e, outras que não poderia defender, os croatas acertaram em cima dele. Não há o que dizer além de tudo foi na medida certa. Menos o sofrimento- é claro- que foi demais.

A INSUFICIÊNCIA GERAL

Não assisti aos 2x0 que a Itália meteu em Gana. De tudo que li a respeito parece que jogaram o suficiente para vencer e os africanos o insuficiente para empatar. Contam que foi um jogo de igual para igual com os de Gana demonstrando até mais vontade, mas faltou competência na hora de finalizar. Também, por insuficiência de tempo, não vi a Austrália matar o Japão nos sete ou oito minutos finais. Somente me surpreende demais o Japão levar três gols. Jogam e correm muito. São muito atentos. Então ou a atenção foi insuficiente ou o gás. E dizem que a Austrália é pura força física. Contam que o juiz não deu um pênalti (um brasileiro, naturalmente). Mas, em compensação, para que a mãezinha do juiz durma impune, o gol do Japão (que vi num tape) me pareceu bastante irregular. O goleiro australiano foi sacado da jogada sem dó. Se aquilo não for falta no goleiro então vale tudo no jogo. De qualquer forma quem leva tantos gols em tão pouco tempo numa Copa mesmo que faça das tripas coração não deve ter muito futuro. E ganhar do Brasil e da Croácia ou empatar com um e ganhar do outro é uma tarefa muito difícil para qualquer time desta Copa de equipes tão insuficientes. Não assisti também Coréia 2X1Togo, porém dou por assistido e aposto na Coréia como um dos que passarão adiante. É um time burocrático e rápido que joga como se esperaria que o Japão jogasse. Se mantiver o ritmo vai dar trabalho. No meio da insuficiência geral o jogo França 0x0 Suíça daria um belo exemplo de como se fazer um resumo de correr muito, jogar pouco futebol e perder as oportunidades, pouca, que aparecem. Não duvido que a França possa perder para a Coréia e, se duvidar muito, do Togo ou até empatar-o que é mais lógico. A França que aparece nesta Copa é uma repetição da equipe passada. Possui a mesma e exemplar apatia de quem parece jogar como se não estivesse jogando. Zidane, a quem não se pode negar qualidade, parecia uma barata tonta em campo. Suou muito mais do que jogou bola. E deve ter sido o melhor de sua equipe concorrendo com o goleiro Barthes, que pegou as poucas bolas que o incomodaram. O que sobrou-na França e na Suíça-foi a insuficiência flagrante para praticar um bom futebol. Correr até que correram, porém futebol que é bom não se viu mesmo. E, perto do fim, as vaias festejaram a insuficiência em campo. Os suíços chegaram a gostar do jogo e dar a impressão errada de que poderiam liquidar a partida, todavia o 0x0 estava escrito em alguma tábua imemorial não descoberta pelos arqueólogos com uma explicação em sumério de que o placar representava ao mesmo tempo um prêmio e um castigo. Castigo mesmo foi assistir a pelada. Os times se mostraram muito ruins. Deveriam devolver o dinheiro do ingresso para quem foi ao estádio e pedir desculpas.

Monday, June 12, 2006

OS TCHECOS PROMETEM...

Não assisti Austrália 3x1 Japão. Meter três no Japão em menos de dez minutos é uma façanha, porém a Austrália dizem não jogou lá essas coisas, embora seja veloz e bruta. Vamos ver depois. O Brasil vai ter que enfrentá-la.Se há uma seleção que promete é a da República Tcheca. Não somente está bem preparada como joga para vencer e provou isto fazendo logo, aos quatro minutos, um gol nos EUA. Grygera, da linha de fundo, cruzou da direita e Koller, o gigantão apareceu sozinho, para cabecear e olhar a bola no fundo da rede. O jogo ficou animado com os americanos tentando o empate, enquanto os tchecos tocavam a bola no seu ritmo com as jogadas de Nedved, Poborsky e Plasil. Quase fizeram o segundo, aos 23 minutos, Nedved fez boa jogada pela esquerda e cruzou. A bola passou por Koller, mas Grygera chegou e firme e cabeceou por cima do travessão, levando perigo a Keller. Só, aos 27, os Estados Unidos assustou. Reyna na intermediária, levou a bola e chutou. A bola passou pelo goleiro Cech e bateu na trave direita. A zaga tcheca afastou o perigo e também a última chance real de alguma coisa se tornar diferente. Aos 35, Rosicky fez o segundo da República Tcheca. O meia vislumbrou o gol entre os zagueiros e chutou com a consciência dos matadores. A bola entrou no canto esquerdo de Keller, que pulou por pular. Não dava para fazer nada: 2 x 0. Aos 41 minutos, o atacante Koller, numa disputada de bola com Onyewu se contundiu na coxa direita e teve que ser substituído por Lokvenc. O técnico dos Estados Unidos Bruce Arena até tentou com duas alterações. Sacou Cherundolo e Mastroeni para as entradas de Johnson e Brian, respectivamente. Não fez muita diferença. A República Tcheca continuava melhor em campo. Aos 15, Lokvenc recebeu livre, mas chutou em cima do goleiro. No minuto seguinte, foi Poborsky que desperdiçou uma boa oportunidade. Os Estados Unidos não teve poder de reação. Aos 22, Rosicky, que fez o segundo gol, tentou repetir a dose. Chutou de longe, mas desta vez a bola explodiu no travessão. Só aos 25 minutos, Johnson recebeu a bola e chutou com perigo. Ela passou tirando tinta da trave direita de Cech. Logo aos 30, no entanto a República Tcheca matou o jogo. Lançado Rosicky correu com a bola e na saída do goleiro, tocou com categoria para o barbante: 3 x 0. Depois foi só tocar a bola. Sem forças, os Estados Unidos apenas aceitaram a derrota. Os Tchecos surgem como a melhor equipe até agora. Possuem padrão de jogo, se defendem em bloco e atacam com objetividade. É uma equipe que se precisa olhar com carinho. E torcer para não pegar o Brasil nas quartas. É osso duro.

VITÓRIA SEM MERECIMENTO

Holanda e Servia-Montenegro não foi um jogo bom. Quem demonstrou competência foi mesmo o Robben não somente por fazer o gol como por ser o único atacante que, realmente, era objetivo na sua função. A Holanda ganhou, mas contra um adversário defensivo, apático que, mesmo perdendo, não se arriscava, não buscava o gol como se estivesse satisfeito com a derrota. A Holanda não foi testada, embora, aparentemente, seu esquema defensivo seja mais organizado que o ofensivo. Viajando de volta de Ji-Paraná para Porto Velho não tive como assistir os 3X1 do México no Irã. Pelo menos saíram quatro gols, que andam escassos depois da chuva do primeiro jogo. Amigos que assistiram afirmam que o México teve dificuldades, mas se saiu bem. Fizeram um pouco mais do que o dever de casa. Cheguei a tempo de assistir Portugal e Angola. O drible de vaca de Figo deixando para Pauleta só cutucar para o fundo das redes foi perfeito, apesar da vantagem do zagueiro que tinha que ter tirado aquela de qualquer jeito. Certo o Figo é arisco, mas a jogada, na boca da área, demonstrou a ingenuidade do time e o despreparo. E pagaram o despreparo, de vez que Portugal não jogou nada, nada mesmo. Com uma grande diferença de qualidade individual mesmo assim fez muito pouco. A vitória foi um prêmio imerecido. Graças, diga-se de passagem, a completa falta do fundamento básico, o chute, por parte dos africanos. Se soubessem chutar teriam afogado a vaca no brejo. Felipão disse que a Copa é dura e vitória é vitória. É o que tem que dizer, porém sabe que com o time que tem se for longe será um milagre. Até agora foram oito partidas com 18 gols. Não é muito bom nem muito ruim. Péssimo é ter que dizer que nenhuma seleção, até aqui, demonstrou um bom padrão de jogo. Talvez os alemães e os holandeses por marcarem melhor, porém a objetividade tem sido pouca e a qualidade tem deixado muito a desejar.

Saturday, June 10, 2006

NEM PARECE FUTEBOL

Não deu para assistir os jogos completos. Tive que viajar para Ji-Parana, 360 km de Porto Velho. Sai apostando que, pelo histórico das duas seleções Inglaterra e Paraguai seria 0x0. Somente a cabeça infeliz do Gamarra, logo Gamarra, matou a consciência do meu palpite.
Tive mais condição de ver Suécia e Trinidad-Tobago. Esteve longe de ser um jogo para se assistir. Foi uma prova de que a Suécia não vai longe. Se não conseguiu acertar no gol com uma equipe fraca com um a menos vai fazer nada na Copa fora passear muito perto de casa.
Não deu para assistir o jogo da Argentina, mas 2X1 na Costa do Marfim não pode ser considerado um bom começo.Dizem que inicialmente a Argentina esteve bem. No fim quase que empatam. O pouco que consegui assistir não me convenceu. Para ser sincero não cheguei a ver, em tudo que já vi na Copa, um futebol de boa qualidade. Todo mundo que surgiu na tela (ou esteve em campo) somente conseguiu, quando muito, fazer o dever de casa como se fosse uma obrigação fastidiosa. Futebol bonito, bom esta Copa ainda deve. E, pior, três favoritos estrearam com muito pouco brilho. Todos muitos parecidos e sem a menor objetividade.

NEM PARECE FUTEBOL

Não deu para assistir os jogos completos. Tive que viajar para Ji-Parana, 360 km de Porto Velho. Sai apostando que, pelo histórico das duas seleções Inglaterra e Paraguai seria 0x0. Somente a cabeça infeliz do Gamarra, logo Gamarra, matou a consciência do meu palpite.
Tive mais condição de ver Suécia e Trinidad-Tobago. Esteve longe de ser um jogo para se assistir. Foi uma prova de que a Suécia não vai longe. Se não conseguiu acertar no gol com uma equipe fraca com um a menos vai fazer nada na Copa fora passear muito perto de casa.
Não deu para assistir o jogo da Argentina, mas 2X1 na Costa do Marfim não pode ser considerado um bom começo.Dizem que inicialmente a Argentina esteve bem. No fim quase que empatam. O pouco que consegui assistir não me convenceu. Para ser sincero não cheguei a ver, em tudo que já vi na Copa, um futebol de boa qualidade. Todo mundo que surgiu na tela (ou esteve em campo) somente conseguiu, quando muito, fazer o dever de casa como se fosse uma obrigação fastidiosa. Futebol bonito, bom esta Copa ainda deve. E, pior, três favoritos estrearam com muito pouco brilho. Todos muitos parecidos e sem a menor objetividade.

Friday, June 09, 2006

ERROS MATAM A POLÔNIA

Muito vermelho faz Polônia amarelar
Certamente se esperava muito mais da Polônia. O Equador, por mais que tenha apresentado, em outros tempos, um ou outro jogador habilidoso jamais fez um time de respeito, logo dele se esperava muito menos. Ambos fizeram uma partida bem abaixo de suas próprias possibilidades. Foi uma partida muito fechada, muito truncada, de faltas freqüentes, enfim um jogo medíocre mesmo que me fez dormir literalmente. Saído do movimentado Alemanha e Costa Rica havia me preparado para ver algo melhor. Não vi. E estava difícil ver alguma coisa, exceto que a Polônia apresentava maior tranqüilidade, mais domínio dos nervos, embora com domínio da bola demonstrasse pouca objetividade. Não sentindo perigo no adversário o Equador começou a gostar do jogo, equilibrou as ações e passou a criar problemas. E saiu o gol dos sul-americanos da cobrança de lateral ensaiada, aos 23min, De La Cruz arremessou a bola forte e Delgado escorou para Carlos Tenório, que desviou de cabeça para as redes. O gol fazia jus à partida: foi um gol de desatenção e de falha. Uma defesa não pode tomar gol de troca de passes de cabeça vinda de um lateral. Trata-se de um atestado de falta de preparo e de empenho.
O jogo continuou no meio campo com raras oportunidades sempre desperdiçadas. E somente no segundo tempo a Polônia resolveu buscar com mais empenho o ataque. Só tinha como jogada forte os escanteios. Já estava na metade final do segundo tempo e, por ineficiência nada acontecia. E, como castigo, quando mais parecia estar bem, apertando o cerco, uma jogada de contra-ataque pegou a defesa, mais uma vez, desprevenida e deixou Delgado à vontade na cara do gol. Foi chutar e sair para comemorar, aos 35min, estava selado o fim polonês. Talvez o que melhor explique a partida é que Delgado foi considerado o melhor em campo. E só se explica por ter definido a partida. Ou seja, poderia ser qualquer um que tivesse empurrado a bola para dentro, embora, ao meu ver, Carlos Tenório foi muito mais efetivo e implacável e, na verdade, a Polônia, pelo jeito, seria incapaz de ter feito um gol sequer. Dizem que há sorte e azar em tudo. No futebol em especial. Assim duas bolas na trave podem explicar porque o jogo não terminou empatado. Pode ter sido azar, em ambos os casos, porém minha visão é de que o azar, no futebol, em geral é muito ajudado pela falta dos fundamentos do esporte. Seja como for o Equador mereceu a vitória por ter sido mais eficaz e é só. O futebol que apresentou o habilita a sair desta chave como o segundo classificado junto com a Alemanha-dificilmente será diferente. A questão é que se trata de uma equipe de segundo escalão. E vai se classificar menos por méritos próprios e mais pela fraqueza dos concorrentes.

UM BOM COMEÇO

Inglaterra e Costa Rica foi um jogo animado. Afinal primeiro jogo de Copa do Mundo, em geral iniciada pelo dono da casa e algum time fraco ou o campeão da Copa anterior e um time fraco, tem sido uma garantia de jogos mornos, de zero a zero, de poucos gols e poucas surpresas. Desta vez a Copa começou com seis gols, ou seja, dá a impressão de que as defesas, pelo menos as do Grupo A não são lá essas coisas. De qualquer forma é preciso dizer que, por sua força física e a completa desarrumação do time de Costa Rica a Inglaterra pegou foi mesmo um mamão com açúcar. Isto ficou claro, logo quando um zagueiro com a bola dominada não conseguiu resistir ao corpo de um atacante e quase que sai logo o primeiro gol.
Não tardou a sair, aliás, pois aos seis minutos numa jogada em que Philipp Lahm, sem dificuldades, penetrou na grande área fez um belo gol que também deve tê-lo surpreendido. A trajetória da bola, apesar da beleza do gol, batendo quase na frente do poste demonstra que não houve lá muita consciência no chute. Não importa entrou e foi bonito. Mais bonito do que o dele somente o quarto de Frings, uma cacetada do meio da rua que pegou em cheio e não deu a mínima chance de defesa. Costa Rica não incomodou. Só por breve tempo esteve empatada e depois que empatou não resistiu sequer cinco minutos. Um time sem a menor arrumação, lento, sem inspiração e que estava entregue ao adversário por conta própria na medida em que, de posse da bola, não sabia o que fazer. A Alemanha é a Alemanha. Seu estilo de futebol é o estilo simples, prático, rápido e fatal. Não foi lá grande coisa nem mostrou um futebol nem melhor nem pior do que se esperava. Sua forma de atuar é burocrática. Faz as jogadas e procura fazer o gol. Fez o dever de casa e depois foi tomar cerveja. Saúde.
A impressão que ficou mesmo foi das defesas ruins. Costa Rica, rigorosamente, acertou duas jogadas e todas as duas deixaram Wanchope na cara do gol somente para provar que é um goleador: não perdoou. Porém duas jogadas certas em noventa minutos é muito pouco ainda mais para ganhar da Inglaterra. Em síntese pode-se dizer que como jogo foi um bom treino para os ingleses, porém não dá ainda para avaliar o seu poder de jogo numa partida tão sem adversário. Só prova que se vacilarem lá tem um artilheiro chamado Klose que fecha, com competência, as oportunidades surgidas. Não foi um bom jogo, mas foi um jogo de muitos gols-nunca uma Copa se iniciou com tantos- o que é bom. De resto serviu para manter a velha tradição segundo a qual os jogos iniciais das Copas são muito ruins. Efetivamente o nível do futebol esteve muito aquém do desejado. A Inglaterra, todavia ganhou e ganhou se assustando só consigo mesmo. É só o começo das emoções.