E a bola bateu na trave...
Este Brasil e Chile foi um daqueles jogos em que os deuses do futebol se divertiram em mostrar que fazem o que desejam, que o futebol tem uma lógica própria e insondável que é, ao mesmo tempo, obscura e nitidamente perceptível, embora inexplicável. E, por este ângulo, é evidente que o Brasil iria derrotar o Chile, como fez. O Brasil poderia ter perdido? Poderia e esteve muito, mais muito mesmo, perto de perder. Mas, não perdeu. A bola caprichosa e calculadamente bateu na trave. Duas vezes. Foi como se dissesse ao Chile que não era seu dia, que, para desespero de seu time, eles teriam que voltar para casa.
Não foi um grande jogo do Brasil, embora começando nervoso, fazendo umas faltas bestas, sem o menor sentido, tivesse tomado conta da partida. O Chile não fazia mais nada do que se defender e Neymar não esteve nos seus melhores dias, embora, mesmo assim, desse muita dor de cabeça tanto que Aranguiz acertou sua coxa com uma disposição de quem queria tirá-lo da partida. O Brasil teve o jogo dominado e a tranquilidade que passava era de que liquidaria a partida. E esta sensação ficou maior com o gol de David Luiz, saído de um escanteio, numa disputa de bola com Jara. Com um 1x0 tivemos tudo para liquidar a fatura. E, quando não se podia prever, de um lateral nosso mal cobrado, um passe displicente deu a oportunidade para Vargas, oportunista e rápido, tocar para Alexis Sanchez que, com a crueldade impiedosa de um matador, empatou a partida calando o entusiasmo da torcida brasileira. Uma bobeira monstruosa transformou uma partida fácil num sistema de liquidar cardíacos. O jogo passou a ser um teste de coração e crescer de intensidade dramática a medida em que os lances se sucediam sem sucesso.
No segundo tempo o jogo ficou ainda mais dramático e mais aberto, embora o Brasil, mesmo com Felipão mexendo, não tivesse mais o domínio da partida que passou a ser chileno. Ainda assim, mais na base do talento e da qualidade Hulk, aos 9 minutos, fez um gol legítimo que o juiz entendeu que o atacante ajeitou com o braço antes de chutar e anulou. Entretanto as oportunidades se sucediam de lado a lado. Júlio César fez uma defesa notável num chute de Aránguiz aos 19 minutos. Já Bravo foi quase milagroso num lance em que Hulk, aos 38 minutos, chutou, cara a cara, com ele. E a partida terminou sem que o placar se mexesse. A prorrogação passou crivada de nervosismo, de emoção, com o coração dando pulos a cada bola disputada. O Brasil passou a ter o domínio de novo, mas, não era do mesmo jeito. Era um domínio esgarçado por onde podia uma bola traiçoeira acabar com o sonho da Copa. E, mesmo crescendo, pressionando nos minutos finais, a grande oportunidade da prorrogação foi chilena com Pinilla que, da entrada da grande área, soltou uma bomba que explodiu na trave carimbando a sorte de Júlio César e do Brasil. Uma bola daquelas na trave, naquela hora é um aviso dos deuses.
E nos pênaltis David Luiz converteu o primeiro. E Júlio César defendeu o chute de Pinilla. Na sequência veio Willian e chutou para fora. E, espantosamente, o frio, o mortal, o grande nome chileno, Alexis Sanchez, bateu para o goleiro brasileiro defender. Em seguida Marcelo fez. Com 2x0, porém, Aránguiz fez o primeiro gol chileno. E, para desespero brasileiro, Hulk chutou mal, em cima do goleiro Bravo, que defendeu. Veio Marcelo Díaz batendo escandalosamente forte, sem a menor chance de defesa, para empatar o duelo. Com um pênalti apenas para bater coube a Neymar recolocar a vitória nos trilhos batendo de forma inapelável. E, na última cobrança, Jara chutou muito forte. A bola encontrou a trave direita explodindo a participação do Chile na Copa. E se cumpriu o que estava escrito: o Chile não passaria para as quartas de finais. Vai o Brasil. Com muita sorte e sofrimento.
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